Moradores da Granja e entidades ambientalistas se reúnem para tratar do caso Alphaville Granja Viana
Na última quarta-feira - 02 de setembro - moradores de diversas partes da Granja estiveram reunidos com representantes de ONG´s ambientalistas na Fábrica de Pizzas, para discutir sobre o empreendimento Alphaville Granja Vianna, que está "se instalando" na Avenida São Camilo.
Estiveram presentes à reunião os representantes do Rotary de Carapicuíba, da Fazendinha e da Granja Viana, assim como do Movimento Granja Viva, da Amarribo, da AETEC, do Proam e da SOS Mananciais do Rio Cotia.
Na reunião cerca de 60 pessoas discutiram a situação atual do empreendimento e segundo as entidades presentes, parece que o licenciamento ambiental dado pelo Estado não foi feito corretamente. O local abriga pelo menos 4 espécies de fauna em extinção, segundo parecer técnico e citação do próprio DEPRN do Embú, que pediu atenção para a espécie Callithrix penicilata, mais conhecida como "Sagui-de-tufo-preto"(veja matéria completa no Viva Cotia).
Um consultor ambiental explicou como se faz um estudo técnico e falou que no caso do empreendimento cometeu-se um erro muito "amador", pois o técnico permaneceu no local apenas algumas horas, das 9 às 16 hs, para averiguar toda uma fauna existente num terreno daquele porte. Outro fato que intriga os moradores foi ter sido aprovada licença "em troca de duas creches".
Uma moradora de Carapicuíba, que atua na ONG SOS Manaciais do Rio Cotia, citou que essas creches já existem desde 1992 e nunca foram terminadas, e que os incorporadores devem apenas reformá-las.
O que mais se discutiu foi que a comunidade em momento algum foi consultada, já que o empreendimento não teve nem audiência pública, antes de ser aprovado. "Isso jamais deveria ter sido aprovado sem um estudo de impacto de vizinhança. Eu vim aqui defender princípios!", disse um morador.
Um outro morador, disse que levou 4 anos para aprovar um projeto de um loteamento, e que via nisso tudo um processo irreversível. "Essa reunião deveria ter acontecido antes. Agora temos que nos coordenar e fazer com eles ajudem a melhorar o que temos aqui", disse.
Foi levantada a preocupação com outro empreendimento, que será erguido no Cotolengo, numa área aprovada de 1 milhão de metros quadrados.
"Junto com os benefícios, vem os danos", disse outro morador. "Precisamos minimizar os danos". Ele citou o córrego Poscium, que recebe dejetos do CDP - Centro de Detenção Provisória. "Somos carentes de infra-estrutura", concluiu citando o caso de São Sebastião/SP onde foi criado um pequeno dano ambiental, mas onde o empreendimento beneficiou toda a população.
Após alguns comentários, foi deixado claro que no local havia espécies em extinção que não foram levadas em consideração. E que o impacto não foi avaliado. "Um empreendimento com fauna e flora significativas como esse, deveria ter tido uma avaliação profunda do impacto que seria causado ali", disse o consultor.
Discutiu-se então o que a comunidade deve fazer. "Estou aqui para falar com aqueles que querem fazer valer a norma ambiental", disse Carlos Bocuhy, que conduziu a reunião. "Está nascendo uma ação civil pública que necessita do respaldo da população", disse.
Foi citado o caso de três nascentes e de uma região de várzea ao lado do Parque Silvino Pereira, que faz fundo com o empreendimento.
Bocuhy sugeriu aos presentes, que pensassem num futuro tombamento da Granja Viana como região geográfica e como área de proteção ambiental (APA). "Estamos no cinturão verde da cidade. Somos um elemento de regulação climática que impede o dormes da poluição que mata", disse citando a diferença de 10º graus de temperatura do centro de São Paulo para a Granja Viana.
Diante disso, ficou acordado com a comunidade presente que algumas ações devem ser tomadas. A ação civil pública conta com laudo de dois biólogos, e pedirá o embargo imediato da obra. "Não se trata de fazer a obra de acordo com a licença ambiental dada, mas de não se dar licença para o que é errado", disse Bocuhy. "Foram dadas as licenças nesse caso, o que para mim configura má fé", concluiu.
"Bocuhy citou que as ações ambientais surtem efeitos, como na Riviera, onde foram paradas as ampliações urbanas e hoje no canal de Bertioga está sendo criada uma reserva ambiental. Na época do "apagão" 50 usinas termelétricas que seriam instaladas no Estado de São Paulo desistiram diante da resistência ambientalista.", exemplificou.
No final da reunião decidiu-se a formação de um grupo em prol da Granja Vianna, visando impedir que ela continue crescendo desordenadamente. Quem quiser participar do grupo é só comparecer à próxima reunião, e vai poder discutir os problemas pertinentes à Granja.
O grupo estará passando um abaixo assinado em vários pontos da Granja e pela internet, e vai se reunir na próxima quarta-feira(09), no mesmo lugar. (A Fábrica de Pizzas, cedeu gentilmente o lugar para as reuniões do grupo e após a reunião ofereceu um rodízio de pizzas com preço diferenciado para os participantes).
Fau Barbosa
Fotos: Fau Barbosa / Lígia Vargas / José Roberto Baraúna
Fonte: Portal Viva Cotia
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