AlphaVille Granja Viana promete compensações à região



Marcelo Willer, diretor de projetos da AlphaVille Urbanismo

O empreendimento AlphaVille Granja Viana já data dois anos, mas recentemente tem sido palco de inúmeros protestos, manifestações e mobilizações da comunidade. O condomínio fica na Avenida São Camilo, e embora fique em Carapicuíba, grande parte do seu impacto afeta o

município de Cotia.






João Audi, Presidente da AlphaVille Urbanismo
Profissionais da AlphaVille, Monica - diretora de sustentabilidade, Álvaro - consultor ambiental, Giovana - gerente de meio ambiente


Granjeiros, em choque, se mobilizam

A sucessão de mal entendidos culminou com o súbito desmatamento da região - foram 200 mil m2 - praticamente da noite para o dia, deixando a população em estado de choque. E o mesmo pode se afirmar quanto à fauna da região, pois há um sem número de cartas desesperadas chegando aos meios de comunicação da região relatando a precária situação dos animais desalojados de seu habitat. Estes acontecimentos fizeram com que os moradores da Granja se mobilizassem em diferentes iniciativas. Os moradores do Parque Silvino Pereira reuniram-se com os empreendedores nesta semana. O Movimento em Defesa da Granja, por exemplo, acaba de ser lançado e juntou-se a outras organizações, como o PROAM, Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental. Este último teve indeferida a liminar que impetrou, a qual pedia embargo da obra, recuperação da área degradada, além da responsabilização das autoridades que permitiram o seu início, mas revelou que irá apresentar um agravo de instrumento, questionando a decisão no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, onde o processo será analisado pela Câmara de Direito Ambiental.


Zeca Pamplona, vereador da Granja Viana, Fau Barbosa, Toni Somlo e Thereza Franco
Luis Gustavo Napolitano, sub prefeito da Granja Viana, agendou e abriu a reunião


Os empreendedores pedem desculpas à Granja

Diante deste quadro de revolta e incertezas, somados à falta de comunicação entre o empreendedor e a comunidade, a AlphaVille Urbanismo convocou a imprensa da região, para esclarecer dúvidas e, principalmente, apresentar suas desculpas: " Nós erramos em não termos percebido que a Granja não respeita a lógica dos municípios. Não nos demos conta de que o impacto maior do empreendimento envolveria Cotia, pois apenas tivemos reuniões com os órgãos de Carapicuíba. Chegamos na casa dos outros sem conversar, sem nos apresentar. Agora, queremos apresentar nossas desculpas e esclarecer a comunidade sobre o projeto." Estas foram as palavras iniciais de Marcelo Willer, diretor de negócios da empresa. Que seguiu também se desculpando quanto à forma súbita com que foi feito desmatamento de 200 mil m2 da região: "Nossa empresa contrata terceiros para executar as obras e a empresa que fez a supressão da vegetação teve pressa e não houve a observação das recomendações".

Diante do leite derramado: promessas e compensações para acompanhar e cobrar.

Diante das indagações do tipo: "E agora?", Willer enumerou uma série de compensações e promessas do grupo AlphaVille. Agora, é acompanhar e cobrar, uma por uma:

Criação de Parque Municipal Público de Preservação, com 325 mil m2 (48% da área total do empreendimento). O parque terá livre acesso à comunidade e terá plano de manejo a ser desenvolvido com consultas à comunidade e trabalho conjunto da Prefeitura e associação de moradores do condomínio.

Tratamento de águas (esgoto): Um outro compromisso assumido, inclusive contratualmente, é que uma estação de tratamento de esgoto será entregue na ocasião do término das obras (previsto para junho de 2011), ou pela Sabesp, ou pelo grupo AlphaVille.

Plano de manejo de reposição em 1,8 vezes a supressão da vegetação para a execução das obras: a cada 100 m2 de vegetação suprimida, serão plantados 180 m2 equivalentes. Essa compensação - plantio de 165 mil m2 - será de mata com espécies de mata atlântica e será monitorada e fiscalizada pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente.

Formação de corredores ecológicos: por meio do plantio voluntário de 160 mil m2 fora do empreendimento. Ocorrerá em áreas estratégicas, prioritárias, apontadas pela comunidade e autoridades locais.

Levantamento de problemas com a fauna da região: segundo a legislação vigente, um estudo de impacto ambiental mais detalhado só é obrigatório para áreas superiores a 700 mil m2 (70 hectares) e, no caso do AlphaVille GV, ele ficou isento da obrigatoriedade do estudo pela estreita margem de 5% (o empreendimento tem 67,5 hectares). Devido ao desmatamento muito rápido do local, houve denúncias de inúmeros atropelamentos de animais, bem como residências que foram invadidas por eles, subitamente, fora de seu habitat. Agora, o empreendedor está realizando um estudo de campo com uma equipe de biólogos que ficará por 15 dias fazendo estudo diurno e noturno dos animais da região. Segundo Mônica Picavêa, diretora de sustentabilidade da fundação AlphaVille, ela acredita que entre 3 e 4 semanas o estudo será entregue à Secretaria de Meio Ambiente e disponibilizado para consulta.

Plano Diretor de Trânsito para a região: uma das maiores preocupações da população é o trânsito, cada vez mais caótico. Preocupado com um impacto ainda maior para o município, o prefeito de Cotia, Carlão Camargo pediu ao grupo AlphaVille a elaboração e implantação de um plano diretor, integrando profissionais de uma empresa engenharia de tráfego, da prefeitura, como os secretários José Lopes e Cláudio Olores e Fernando Gonçalves, presidente da Associação de Moradores do Parque Silvino Pereira.

Duplicação de 750 m da Avenida São Camilo e criação de bolsões de estacionamento para a parte comercial do empreendimento. Os empreendedores garantem que a ocupação dos lotes se dá aos poucos, em até 20 anos, e que calculam 2 automóveis por moradores, ou seja, o aumento de 608 veículos.

Relação ocupação do lote e permeabilidade do solo: ao todo, serão 304 lotes residenciais e 29 comerciais. O empreendedor garante que leis construtivas rigorosas garantem limite máximo de ocupação e de permeabilidade de cada lote em 50% da área do lote.

Índice de área verde por habitante: os empreendedores afirmam que é de 250 m2, 20 vezes o índice exigido por lei.

Linha direta com a população: o grupo disponibilizou o telefone: 11 4197-9680 e também um plantão à Av. São Camilo, 1006, das 9h00 às 17h00 para ouvir e receber dúvidas e sugestões quanto ao empreendimento, ou pelo e-mail info@granjaviana.com.br enviaremos as cartas para AlphaVille Granja Viana.

Duas creches para Carapicuíba: foi firmado um termo de compromisso entre a AlphaVille e a Prefeitura de Carapicuíba, de finalização das obras das creches/pré-escolas Jacarandá e Jathay.

Parque Teresa Maia: Foi pedido pelo vereador de Cotia, Zeca Pamplona, que se realizasse uma obra sustentável no Parque Teresa Maria, inspirada no CES Alphaville (Centro de Estudos de Sustentabilidade) e os empreendedores ficaram de se posicionar.

Leite derramado e por derramar

Além de vigiar e acompanhar, passo a passo, promessa a promessa, a polêmica obra do AlphaVille GV, a pergunta que não cala é: Qual é o futuro da nossa Granja Viana? E os novos empreendimentos que estão por se realizar e por vir? Como nos posicionar e mobilizar? E quanto às leis ambientais atuais dos municípios que envolvem a Granja? Por que não se formar comissões de análises e ações que as considerem de forma conjunta? E que medidas e atitudes preventivas são possíveis tomar em relação a novos empreendimentos de grande porte que estão por vir, como é o caso da grande área adquirida pela construtora Cirella, no Cotolengo? Uma sugestão que parece simples, dada pelo engenheiro granjeiro Cláudio Leozzi, é que ao invés de se desmatar todos os terrenos de um loteamento, de uma só vez, por que o empreendedor não deixa a vegetação no terreno, para ela ir sendo suprimida à medida que as casas forem sendo construídas, com a opção de irem sendo incorporadas, manejadas e integradas ao projeto arquitetônico? E outro ponto a ser refletido e discutido amplamente pela comunidade: será que uma lei como a que exige estudos ambientais detalhados somente para áreas a partir de 700 mil m2 não é uma realidade demasiado anacrônica nestes tempos em que assistimos ao drástico aumento do aquecimento global?

Longe dos olhos, longe do coração

AlphaVille GV está no coração da Granja Viana, bem perto dos nossos olhos. Está suscitando inúmeras reações da população. As promessas feitas pelos empreendedores, acima registradas, devem ser vigiadas e cobradas, mas fica a sugestão de se voltar os olhos também para outros empreendimentos de nossa abrangente e "transmunicipal" Granja Viana, nem tão perto de nossas vistas, mas tão ou mais preocupantes do que o condomínio AlphaVille em questão.


Silvia Rocha
Fotos: Ligia Vargas


Foto Aérea 2007
Fonte: Alphaville


Futura implantação do empreendimento
Fonte: Alphaville

Fonte: Site da Granjaa

Comentários

Anônimo disse…
Sobre o Parque Público "oferecido" pelos empreendedores de Alphaville


É necessário colocar em urgente discussão se os moradores dos condomínios localizados na Granja Viana (independente de qual seja ele) querem ou não esse Parque.
Creio que será péssimo.Questão urgente de segurança.
Do outro lado dessa área em frente a Alphaville,há inclusive uma favela.Há chance de que esse Parque Público se torne zona de crescente risco.
Na contra mão do necessário isolamento da Granja Viana,seria abrir e oficializar um grande acesso.(O mundo não se fecha porque quer, mas por ser necessário defender-se da violência)
Essa área poderia tornar-se de reflorestamento planejado,uma futura reserva ecológica a ser reincorporada á Mata.
Anônimo disse…
As fotos tiras do satelite sao bem diferentes das fotos "tiradas" em 2007.
Anônimo disse…
Abaixo á Alphaville! Antes eu gostava do Alpha, mas depois que passei á morar aqui na Granja, aprendi que deve-se valorizar a natureza e diferente do que a Alphaville está fazendo. Espero que as promessas que eles estão fazendo sejam cumpridas, pois é o mínimo diante de tanto horror e devastação.

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