Resumo da nossa última palestra com, Jaime Oliva
MDGV PALESTRA de 21 de Março de 2011
Nosso convidado palestrante Jaime Oliva conduziu uma reflexão informal e agradável sobre nossa situação enquanto parte da metrópole de São Paulo com base em sua tese :
A METRÓPOLE DE SÃO PAULO- um oxímoro* urbano
Partiu do princípio de que TODOS temos baixíssima consciência da cidade, e que nem nos planos acadêmico e científico há acordo do que seja a cidade.
Segundo ele, São Paulo é um oxímoro porque contraria tudo o que uma cidade deveria ser. E até o próprio governo urbano é anticidade, isto é, todos os municípios que formam a metrópole se interpenetram e as administrações são separadas , não havendo harmonia ou interação entre elas.
O próprio conceito de MORAR ultrapassa o de VIVER. Mora-se num município , trabalha-se ou estuda-se em outros. As trocas de atividades intermunicipais são constantes, sempre prevalecendo o automóvel como meio de locomoção.
Sabe-se que a cidade de São Paulo tem 18 milhões de habitantes, segundo a ONU, mas se considerarmos toda a metrópole esse número vai a 11 milhões. Não há acordo nem entre as pesquisas sobre o tamanho das cidades no mundo. Os critérios variam e os números também.
Essa pulverização governamental tem muitos efeitos nocivos: o metrô vai até o limite do município e pára; as tarifas do transporte coletivo são descoordenadas ; as lotações são proibidas; os pedágios são anti-integração. Os tributos são distribuídos com dísparidades, e tudo isto gera uma perda de produtividade econômica, cultural e política.
Como deveria então ser a cidade? A cidade deveria ser uma concentração múltipla e intensificadora das relações humanas cotidianas – deveria ter URBANIDADE – isto é a realização de objetivos comuns e a intensificação das relações humanas entre os cidadãos . A cidade sem urbanidade é pulverizada e dispersa.
Na verdade vivemos um outro oxímoro : a sociedade é anti-urbana .
Os subúrbios de São Paulo são anti-verdadeiros : estão sendo constituídos cada vez mais de condomínios fechados que sugerem uma seleção social sob a falsa propaganda de “Liberdade e Segurança” . Na verdade o poder público pulverizado e diluído entre os municípios permitem que as iniciativas fiquem sob a responsabilidade do setor privado , ávido dos lucros.
O slogan de uma propaganda de lançamento imobiliário : “Venha viver com liberdade em condomínio fechado” é um outro oxímoro.
Isto tudo leva à lógica de que o automóvel é imprescindível.
Sendo que até o investimento em garagens é desproporcional em relação ao da própria casa.
Já há 8 milhões de automóveis particulares circulando na metrópole. Sem equivalência no mundo! E esse número cresce a cada dia.
Em países mais desenvolvidos a elite não usa o automóvel nos centros urbanos, diferentemente de São Paulo . Vemos as cidades sendo devastadas por obras viárias que em pouco tempo não resolvem o problema dos congestionamentos. O pedestre é segregado e há um declínio das atividades de rua e a decadência da via pública.
Isto vem ocorrendo em toda a metrópole da qual fazemos parte.
Mas o que se pode fazer?
É preciso pensar a cidade como sendo a metrópole e não apenas pequenos municípios unidos. Políticamente , segundo ele, é preciso pensar-se num governo metropolitano, supramunicipal .
Urge intensificar-se as discussões , enxergar e enfrentar o problema.
Para saber mais :
TESE
http://www.teses.usp.br?teses/disponiveis/8/8136/tde-06102010-142742/en.php
Autor
Oliva, Jaime Tadeu ( Catálogo da USP)
Nota
Oxímoro : figura de linguagem que intensifica idéias contrárias. Ex: um silêncio ensurdecedor.
Nosso convidado palestrante Jaime Oliva conduziu uma reflexão informal e agradável sobre nossa situação enquanto parte da metrópole de São Paulo com base em sua tese :
A METRÓPOLE DE SÃO PAULO- um oxímoro* urbano
Partiu do princípio de que TODOS temos baixíssima consciência da cidade, e que nem nos planos acadêmico e científico há acordo do que seja a cidade.
Segundo ele, São Paulo é um oxímoro porque contraria tudo o que uma cidade deveria ser. E até o próprio governo urbano é anticidade, isto é, todos os municípios que formam a metrópole se interpenetram e as administrações são separadas , não havendo harmonia ou interação entre elas.
O próprio conceito de MORAR ultrapassa o de VIVER. Mora-se num município , trabalha-se ou estuda-se em outros. As trocas de atividades intermunicipais são constantes, sempre prevalecendo o automóvel como meio de locomoção.
Sabe-se que a cidade de São Paulo tem 18 milhões de habitantes, segundo a ONU, mas se considerarmos toda a metrópole esse número vai a 11 milhões. Não há acordo nem entre as pesquisas sobre o tamanho das cidades no mundo. Os critérios variam e os números também.
Essa pulverização governamental tem muitos efeitos nocivos: o metrô vai até o limite do município e pára; as tarifas do transporte coletivo são descoordenadas ; as lotações são proibidas; os pedágios são anti-integração. Os tributos são distribuídos com dísparidades, e tudo isto gera uma perda de produtividade econômica, cultural e política.
Como deveria então ser a cidade? A cidade deveria ser uma concentração múltipla e intensificadora das relações humanas cotidianas – deveria ter URBANIDADE – isto é a realização de objetivos comuns e a intensificação das relações humanas entre os cidadãos . A cidade sem urbanidade é pulverizada e dispersa.
Na verdade vivemos um outro oxímoro : a sociedade é anti-urbana .
Os subúrbios de São Paulo são anti-verdadeiros : estão sendo constituídos cada vez mais de condomínios fechados que sugerem uma seleção social sob a falsa propaganda de “Liberdade e Segurança” . Na verdade o poder público pulverizado e diluído entre os municípios permitem que as iniciativas fiquem sob a responsabilidade do setor privado , ávido dos lucros.
O slogan de uma propaganda de lançamento imobiliário : “Venha viver com liberdade em condomínio fechado” é um outro oxímoro.
Isto tudo leva à lógica de que o automóvel é imprescindível.
Sendo que até o investimento em garagens é desproporcional em relação ao da própria casa.
Já há 8 milhões de automóveis particulares circulando na metrópole. Sem equivalência no mundo! E esse número cresce a cada dia.
Em países mais desenvolvidos a elite não usa o automóvel nos centros urbanos, diferentemente de São Paulo . Vemos as cidades sendo devastadas por obras viárias que em pouco tempo não resolvem o problema dos congestionamentos. O pedestre é segregado e há um declínio das atividades de rua e a decadência da via pública.
Isto vem ocorrendo em toda a metrópole da qual fazemos parte.
Mas o que se pode fazer?
É preciso pensar a cidade como sendo a metrópole e não apenas pequenos municípios unidos. Políticamente , segundo ele, é preciso pensar-se num governo metropolitano, supramunicipal .
Urge intensificar-se as discussões , enxergar e enfrentar o problema.
Para saber mais :
TESE
http://www.teses.usp.br?teses/disponiveis/8/8136/tde-06102010-142742/en.php
Autor
Oliva, Jaime Tadeu ( Catálogo da USP)
Nota
Oxímoro : figura de linguagem que intensifica idéias contrárias. Ex: um silêncio ensurdecedor.
Comentários
Neste pioneirismo, a administração pública funcionou como braço funcional dos interesses privados, onde o carro, o bonde, a locomotiva e o metro foram só facilitadores.
Com eles foi possível implodir em pequenos lotes as chácaras e fazendas dos herdeiros da elite local; nomes tradicionais da elite paulista são e continuam ainda sobrevivendo dos lotes. (sem precisar citar nomes - basta pesquisar um pouco os nomes e histórico das propriedades)
Os favorecidos pelos sistemas, representando seus interesses, há décadas adiam a necessidade de uma administração e planejamento metropolitano; tirando proveito, não só do atraso, mas sobre tudo, dando sobre vida ao raciocínio perdulário dos primeiros tempos do Brasil. A colônia e o coronelismo continuam vivo na alma paulista, classificado tão bem como OXIMORO.
O Oximoro sempre com novas roupagens, seguindo a moda, mantendo as aparências, hoje acompanha o mundo globalizado, do capital globalizado dos grandes especuladores.
Localmente o rei continua NÚ, modernamente vai ao SHOPPING de carro, morra em “CONDIMINIO” e faz parcerias com grandes investidores internacionais.
A pergunta é: quando SÃO PAULO vai ser EFETIVAMENTE carro CHEFE de um raciocínio CONTEMPORÂNEO e deixar de ser só um REMEDO de MODERNO.
Liberdade sim, mas com responsabilidade !